terça-feira, 11 de setembro de 2007

Tom Zé - Estudando o Samba (1976)

Tom Zé sempre foi o menos conhecido dos Tropicalistas. Sempre foi o maldito, o incompreendido. Hoje em dia, analisando o movimento, é possível perceber a importância deste, que é um dos mais criativos compositores da história da música brasileira.

O disco Estudando o Samba, de 1976, foi feito em uma época em que a Tropicalia já não fazia mais o barulho inicial e seus protagonistas (Caetano, Gil, Os Mutantes) embarcavam em outras viagens.

Tom Zé, incompreendido e praticamente esquecido, continuava fazendo álbuns experimentais, conceituais, fugindo cada vez mais da estética de canções, popular e vendável. Tom Zé era, e ainda é, único em sua forma de enxergar o mundo e representá-lo pela forma de música. Seu olhar sobre o samba não poderia ser diferente.

O disco desonstrói e reconstrói o samba de forma genial. Vai às suas origens, aponta novos caminhos e direções. Pisa no samba, mas também pisa no chão e samba. É moderno até os dias de hoje. Ninguém nunca fez samba (e o homenageou com tanta personalidade) como Tom Zé fez nesse álbum de 1976. Clássico.


Tá fresquinho, moço. Quer provar?






segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Jeff Buckley - Grace (1994)

Jeff Buckley morreu afogado, aos 30 anos de idade, em um afluente do Rio Mississipi, no ano de 1997, antes de lançar seu segundo trabalho.

O primeiro e único álbum, Grace, foi lançado em 1994, e imediatamente foi um sucesso de crítica. Na época, nomes como Paul McCartney e Jimmy Page se renderam à incrível voz do rapaz, filho do cantor folk Tim Buckley.

O Grunge tomava as rádios do mundo, e o disco não foi um sucesso de público. Grace era leve, viajante, melódico, emocionado e nada comercial. Jeff era branco, magro, lindo, e sua voz estava mais para as divas negras do Soul do que para o Grunge de Seattle.

Por muito tempo, Jeff Buckley resistiu em seguir carreira como cantor, pois temia a comparação com o pai, com quem pouco conviveu. Grace foi, portanto, uma grande surpresa para os que conheciam pouco o garoto tímido que Buckley era, mas foi também um grito de independência do próprio. O som era único, elétrico, ia direto ao coração e, principalmente, totalmente diferente da música que o pai fazia.

Em 1997, resolveu nadar no Rio Wolf, afluente do Mississipi, enquanto um amigo o esperava do lado de fora, escutando Jeff cantarolar “Whole Lotta Love”, do Led Zeppelin. O corpo de Jeff Buckley só foi encontrado dias depois.
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A forma como o cantor/compositor/guitarrista morreu só contribuiu para que ele se tornasse tudo o que nunca quis ser: uma espécia de mártir, uma figura mítica do rock.
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Grace está entre os melhores discos de todos os tempos, certamente. Poucas vezes alguém cantou com tanta alma e falou de amor de forma tão confessional.
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Vai querer?

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Milton Nascimento & Lô Borges - Clube da Esquina (1972)

O Clube da Esquina é, seguramente, um dos melhores discos já feitos no Brasil. Lançado em 1972, apresentava ao mundo uma música de misturas bem feitas, melodia e harmonia elaboradas, grande força poética e, principalmente, a incrível alquimia entre um grupo de amigos de Minas Gerais.

O grupo foi se formando ao longo dos anos 60, e teve início quando Milton Nascimento chegou de Três Pontas, em 1963, em Belo Horizonte. Lá, conheceu o pianista Wagner Tiso e os irmãos Borges, entre eles Lô, então com apenas 10 anos de idade.
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E era na casa dos irmãos Borges que os amigos se reuniam. Enquanto as primeiras composições de Milton Nascimento e Márcio Borges surgiam, o pequeno Lô começava a se interessar pelos Beatles, junto do também garoto Beto Guedes, e tinha suas primeiras lições de harmonia musical, com o guitarrista Toninho Horta.
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O tempo foi passando e, com uma voz carregada de emoção, Milton ia aparecendo com força na cena do país, participando de festivais e sendo gravado até por Elis Regina. Milton já não era o "Bituca" de Três Pontas. Agora, era Milton Nascimento, uma estrela do Brasil.
Enquanto isso, a turma crescia cada vez mais: Flávio Venturini, Vermelho e Toninho Horta chegavam para completar o grupo, batizado de Clube da Esquina, em razão do lugar onde os amigos se reuniam para tocar, conversar sobre política e cultura, além de tomar suas cachacinhas. Existia ali, naquela esquina, em cada reunião, uma celebração de amizade profunda.
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Foi em 1972 que Milton Nascimento e Lô Borges entraram em estúdio para a gravação do disco, que viria a se tornar um dos discos mais importantes da história da música popular brasileira. Se Clube da Esquina é jazz, é também rock progressivo e baião. Se é bossa nova, é também choro, orquestra de baile e folia de reis. Emocionante, lírico e universal.
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Não há quem, escutando o disco, não cante junto de Lô Borges o refrão de "Trem Azul" ou se emocione escutando "Nada Será Como Antes" e "Um Girassol da Cor de Seu Cabelo".
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Nascia o primeiro movimento musical do Brasil, desde a Tropicália. O mundo inteiro caía aos pés daquele grupo de mineirinhos que, mais tarde, se separaria, e seus integrantes tomariam diferentes caminhos e carreiras. O Clube da Esquina é eterno, jamais envelhece.
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quarta-feira, 5 de setembro de 2007

The Clash - London Calling (1979)

The Clash sempre foi considerada a mais criativa das bandas punks. Ao mesmo tempo que fazia um som cru e politizado, como as demais bandas da época, o discurso do Clash era outro, e o som incorporava elementos que não o rock, como o Rockabilly e o Reggae.

Em 1979, a banda estava prestes a gravar seu terceiro disco, e começava a pensar de uma forma diferente. Com uma grande quantidade de canções, resolveram lançar um disco duplo, o London Calling. Apesar de duplo, o álbum foi lançado pelo preço de um disco normal, pois a gravadora e o próprio grupo sabiam que os fãs do Clash eram, em sua maioria, pobres.


O álbum já começa matador pela capa: Paul Simonon arremessando seu baixo, raivosamente, em direção ao chão, como se quisesse destruí-lo. A foto era simples, mas extremamente impactante.

London Calling soa como uma banda punk tentando tocar outros estilos, e isso o faz único. Do jazz ("Jimmy Jazz") ao reggae ("The Guns of Brixton"), o Clash dispara sua metralhadora de novas possibilidades. As letras vinham cada vez mais contundentes e políticas ("Spanish Bombs"), e a banda já não era apenas punk, era uma sensacional banda de rock.

Tão rock e tão única que London Calling é capaz de agradar a qualquer pessoa. É um clássico: Eterno e sempre moderno.


Vai perder? Leva 2 e paga um só!
Lucas Santtana & Seleção Natural - 3 Sessions In a Greenhouse (2007)


Lucas Santtana tem uma longa carreira musical. Estudou música clássica na Universidade Federal da Bahia, tocou com os mais diversos artistas do Brasil (Caetano Veloso, Carlinhos Brown), compôs pra muita gente (Marisa Monte, Arto Lindsay) e já teve até música em novela das 8.

Além disso, é, talvez, o artista brasileiro mais envolvido com a música na Internet e os novos formatos de distribuição. Tanto é que lançou seu terceiro disco, 3 Sessions In a Greenhouse, completo, em seu portal (http://www.diginois.com.br/), e licenciado pela Creative Commons (permitindo ao consumidor o direito de copiar a obra, sem fins lucrativos).

Não satisfeito em disponibilizar o disco todo, ainda deixou faixas abertas no site, para que qualquer pessoa possa criar em cima da criação de Lucas. Quem quiser e tiver o interesse, pode fazer novas mixagens para as músicas e mandar para o próprio músico. A palavra de ordem é interação. Lucas Santanna é, além de um grande músico e compositor, um artista antenado com os novos tempos, e sua música não podia deixar de ser moderna.

3 Sessions In a Greenhouse, como o próprio nome diz, foi gravado em apenas 3 sessões, ao vivo, no estúdio AR (Rio de Janeiro). O clima do disco é incrível e nos leva para lugares distantes. Baixo e bateria fortes, marcando e conduzindo as músicas, criam uma atmosfera essencialmente dub para um disco que tem samba, funk, reggae e afrobeat.

O álbum ainda conta com participações especiais: Tom Zé em "Ogodô Ano 2000" e Gilmar Bola 8 (Nação Zumbi) em "Pela Orla dos Velhos Tempos".



Site do Lucas (Diginois): http://www.diginois.com.br/
Download direto do disco: http://www.diginois.com.br/arquivos/Lucas_Santtana_e_Selecao_Natural_-_3_Sessions_in_a_greenhouse.zip?PHPSESSID=1a20fa3403d4aa433ef0c116f4cc9cf6


Tá baratinho, vamos aproveitar...
Arnaldo Baptista - Lóki?

Arnaldo Dias Baptista era, em 1974, um homem em depressão. Com a saída dos Mutantes e o fim do casamento com o amor de sua vida, Rita Lee, Arnaldo já não sabia mais quem era, já não sabia mais o que fazer com tudo o que havia conquistado e perdido.

Gravado logo após a saída de Arnaldo dos Mutantes, que continuaram fazendo Rock Progressivo com Sérgio Dias e cia., a banda que acompanha Arnaldo (Piano e voz) é formada por Dinho Leme e Liminha, ex-baterista e ex-baixista dos Mutantes. Nada de guitarras, talvez para fugir da "masturbação musical" de outrora, com o rock progressivo e viajante de "O A e o Z" (último disco de Arnaldo com Os Mutantes).

As músicas foram todas gravadas ao vivo em estúdio e, apesar da insistência dos músicos para refazerem alguns takes, Arnaldo queria o disco daquele jeito: Cru, urgente e cheio de arestas.

Arnaldo estava lá, também cru e urgente. Em plena forma como músico, Arnaldo carrega a banda para lugares nunca antes habitados pelos Mutantes, e comete um disco clássico. O compositor estava com apenas 26 anos e já havia mudado a história da música popular brasileira completamente, com os Mutantes.

Depois de ter despido a MPB e temeperado com pimenta o Rock´n Roll, era a vez de Arnaldo se mostrar por inteiro: emocionado, emocionante, sutil e psicodélico, musical e visual. O jovem Arnaldo Baptista tinha medo de virar uma lenda do Rock ("Será que eu Vou Virar Bolor?"), lamentava o fim dos Mutantes e chorava o amor de Rita Lee ("Uma Pessoa Só", "Te Amo Podes Crer" e "Desculpe"). Também havia espaço para o humor sarcástico e desafiador da época dos Mutantes ("Cê Tá Pesando Que Eu Sou Lóki?" e "Vou Me Afundar na Lingerie") e para impressões sobre o futuro ("Não Estou Nem Aí").

Aliás, "Não Estou Nem Aí" se torna incrivelmente emocionante se escutada nos tempos de hoje, após anos e anos de abuso de drogas e uma tentativa fracassada de suicídio, que acabou causando sequelas graves em Arnaldo. A música continha vocais de apoio de Rita Lee, e a emoção com que Arnaldo canta é assustadora.

"Lóki?" é um disco indispensável. Arnaldo Baptista mostrava, nesse disco, quem era o cérebro dos Mutantes.

Download: http://rapidshare.com/files/15628957/lokarnldbtsta.rar

Pode levar que o senhor vai gostar, eu garanto!

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Cartola - Cartola (1974)

Cartola tem uma história de vida lindíssima. Fundador da Estação Primeira de Mangueira, teve vários sambas gravados por importantes artistas (Francisco Alves, Silvio Caldas, Carmem Miranda...) nos anos 30. Já no fim dos anos 40 foi praticamente esquecido pelo público, e pouco se sabe sobre sua vida durante os anos de ostracismo.

No fim dos anos 50, o jornalista Sérgio Porto encontrou Cartola, esquecido, trabalhando em algum lugar do Rio de Janeiro, lavando e tomando conta de carros. A partir desse episódio, Cartola voltou aos programas de rádio e compôs novos sambas. Mas foi só em 1974, já com idade avançada, que Cartola gravou seu primeiro disco solo.


Neste primeiro álbum de Cartola, estão alguns de seus clássicos, como "Tive Sim", "O Sol Nascerá" e "Disfarça e Chora".

Imperdível, senhoras e senhores. Na minha mão é mais barato!
Miles Davis - Bitches Brew (1969)

É com muito orgulho que eu disponibilizo, pra vocês, clientes amigos, um dos melhores discos que já escutei em toda a minha vida.

Até escutar "Bitches Brew", eu achava o jazz bacana, tinha alguns álbuns e era fã de alguns caras. A minha admiração vinha, tirando algumas exceções, do lado técnico desse estilo musical.
Quando escutei esse disco, comecei a enxergar a poesia, a interpretação e o sentimento do jazz. Aquilo não era o jazz que eu conhecia, era diferente. Agora, imaginem o que não foi o impacto disso em 1969.

Miles Davis já tinha pisado e "avacalhado" (revolucionado) o jazz algumas vezes mas, naquele ano, "perdeu a linha". O gênero não via com bons olhos o rock, que começava a beber do jazz (o que mais tarde iria dar no Rock Progressivo).

Miles, então, cansado da mesmice estética que o jazz se encontrava, resolveu misturar tudo e criou um novo estilo de jazz, o Fusion. Trouxe elementos de música africana, blues, música latina e, principalmente, do rock, tão temido pelos puristas.

Com um time sensacional de músicos (Wayne Shorter, Chick Corea, John McLaughlin, Airto Moreira, entre outros) e explorando o limite de cada um, Miles fez o jazz virar uma música capaz de emocionar qualquer um, desconstruindo e construindo inúmeras vezes o estilo. Chega de palavras, vamos à música.


Tá fresquinho, Madame. Vai experimentar?
Lixo Extraordinário (2007)

"Lixo Extraordinário" é o projeto de um cara chamado Waldir Batone, músico (cantor e instrumentista) e professor de filosofia da Universidade Veiga de Almeida (Rio de Janeiro). O disco foi lançado diretamente na Internet ( www.lixoextraordinario.com.br ) e é uma obra-prima dos nossos tempos.


Arranjos cuidadosos e criativos, linda voz, timbres perfeitos, psicodelia, experimentação e poesia única: Tudo o que a Feira Musical gosta de oferecer para nossos clientes!


No site, você pode baixar música por música (recomendo "Trégua", "Os Acrobatas Epilépticos", "Rosa dos Ventres" e "O Inventor"), além do disco inteirinho, o que é muito melhor, pois o disco é todo sensacional.


Aí vai o link para download do disco completo:



Vai querer, madame?

Senhoras e senhores que passeiam pela Feira Musical:

Espero que vocês encontrem coisas interessantes. Temos produtos de fabricação própria, novidades, importados e contrabandos, trazidos dos mais diversos locais dessa rede caótica! Informação e música de qualidade, tudo misturado... de graça!

Fiquem à vontade.
(O Feirante)